Será que podemos chamar de uma Revolução Silenciosa? Dados do Empreendedorismo Feminino no Brasil
O Brasil testemunha uma verdadeira revolução nas mãos de mulheres empreendedoras. Longe de ser apenas uma tendência, o empreendedorismo feminino tem se consolidado como um motor essencial para a economia e para a transformação social do país. Mas, afinal, o que os dados nos revelam sobre essa força crescente?
O Cenário Atual: Números que Impressionam
As mulheres brasileiras estão, cada vez mais, assumindo as rédeas de seus próprios destinos profissionais. De acordo com estudos recentes do Sebrae, em 2024, o Brasil alcançou um recorde histórico de 10,35 milhões de empreendedoras, representando cerca de 34% do total de empreendedores no país. Esse número é resultado de um crescimento contínuo, com um aumento de 38% no número de mulheres que abriram ou formalizaram seus negócios em 2025, em comparação com 2020.
Uma pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) destaca que o Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras no mundo. Surpreendentemente, dos mais de 52 milhões de brasileiros envolvidos em atividades empreendedoras, cerca de 48% são mulheres. Além disso, 49% das empreendedoras são chefes de família, mostrando a relevância de seus negócios para o sustento de muitos lares.
A motivação para empreender é variada, mas é importante notar que 82% das mulheres empreendem por necessidade, enquanto 69% o fazem para fazer a diferença no mundo. Esses dados mostram um perfil de empreendedorismo resiliente e com forte propósito.
Desafios Persistentes e Oportunidades de Crescimento
Apesar dos números animadores, a jornada empreendedora feminina no Brasil ainda apresenta barreiras significativas. A desigualdade salarial é uma realidade: mulheres empreendedoras ainda ganham, em média, 24,4% menos que homens em negócios do mesmo porte. A situação é ainda mais crítica para mulheres negras, cuja renda é 47,5% menor que a das mulheres brancas.
Outros desafios incluem o acesso limitado a crédito, a dupla jornada (conciliando a gestão do negócio com responsabilidades domésticas e familiares), e a baixa representatividade em ambientes formais e eventos do setor. As empreendedoras chegam a trabalhar 10,5 horas por semana a mais que os homens com afazeres domésticos e com os filhos.
No entanto, as oportunidades também são muitas. As áreas de Artesanato e produtos criativos, Alimentação artesanal, Moda autoral, Beleza e estética, Educação e cursos online, e Consultoria em marketing digital são as que mais atraem e registram crescimento entre os negócios liderados por mulheres. A atuação no ambiente digital é uma força, com 71% das empreendedoras utilizando redes sociais e aplicativos para vender seus produtos e serviços, um percentual maior do que o dos homens.
Apoio e Impacto na Economia
Programas como o Sebrae Delas, o Empreende Mais Mulher e a Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino (Estratégia Elas Empreendem) do Governo Federal são cruciais para oferecer capacitação, crédito e apoio jurídico, visando reduzir a desigualdade de gênero e promover a autonomia econômica.
O impacto do empreendedorismo feminino na economia é inegável. Empresas lideradas por mulheres tendem a ser mais lucrativas e sustentáveis a longo prazo, impulsionando o desenvolvimento econômico e social. Mulheres empreendedoras geram empregos, estimulam a economia local e fortalecem suas comunidades, demonstrando que apoiar o empreendedorismo feminino é investir no futuro do Brasil.